O único navio militar brasileiro afundado por forças inimigas durante a Segunda Guerra Mundial foi identificado positivamente pela Marinha do país – 14 anos depois que mergulhadores encontraram o naufrágio pela primeira vez.
O navio auxiliar de 82m Vital de Oliveira foi torpedeado pelo submarino alemão U-861 em 1944, com a morte de cerca de 100 homens resultante da ação.
O Brasil, o único país sul-americano a enviar tropas para o exterior durante a Segunda Guerra Mundial, também perdeu até 2 navios mercantes em ataques de submarinos em sua costa durante a Batalha do Atlântico.
A Marinha do Brasil obteve dados batimétricos sobre o Vital de Oliveira em 16 de janeiro, durante os testes de mar e comissionamento de um navio de pesquisa hidro-oceanográfica, coincidentemente também denominado Vital de Oliveira.
Ambos os navios foram nomeados em homenagem ao “pai da hidrografia brasileira”, o capitão de fragata Manoel Antonio Vital de Oliveira, que foi morto durante a Guerra do Paraguai em 1867 enquanto comandava um navio de guerra..


O naufrágio do Vital de Oliveira foi descoberto em 2011 a cerca de 65 km da costa em Macaé, no estado do Rio de Janeiro, pelos irmãos mergulhadores José Luiz e Everaldo Pompermayer Meriguete. Os dois coletores de peixes estavam respondendo a um pedido de ajuda de um pescador cuja rede havia se enroscado em uma obstrução desconhecida.
O naufrágio estava a cerca de 55m de profundidade, então os irmãos chamaram o mergulhador técnico Domingos Afonso Jorio. Ele relatou à Marinha que havia encontrado a rede presa na arma de um navio. Vital de Oliveira carregava dois canhões de 47 mm.
Por alguma razão, a Marinha não conseguiu até agora confirmar a identidade do naufrágio – como havia informado à mídia brasileira no ano passado, quando surgiram dúvidas sobre o 80º aniversário do naufrágio.
Afirmou que “atualmente não estava conduzindo pesquisas para localizar sítios arqueológicos de naufrágios”, embora essa posição pareça ter sido revertida.

A Vital de Oliveira foi construído em 1910, originalmente como Itaúba, e em 1931 foi incorporada à Marinha do Brasil. Em 19 de julho de 1944, ela transportava suprimentos e pessoal militar ao longo da costa e deveria ter sido escoltada pelo caçador de submarinos javari, embora por razões desconhecidas os navios tenham perdido contato visual.
Quando o Vital de Oliveira foi torpedeado na popa pouco antes da meia-noite, o navio sem blindagem afundou rapidamente, com a perda de cerca de 100 dos 270 homens a bordo.
O mais recente da Marinha Vital de Oliveira foi projetado para realizar levantamentos hidro-oceanográficos, coletar dados ambientais e dar suporte à pesquisa científica em áreas marítimas de interesse.

O navio utiliza dados obtidos por meio de ecossondagem multifeixe e sonar de varredura lateral para realizar levantamentos abrangentes, de acordo com o Tenente-Comandante Caio Cezar Pereira Demilio, do divisão de arqueologia subaquática da Diretoria de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha.
Outros mergulhos técnicos e de ROV podem ser realizados para capturar fotografias e vídeos, coletar dados adicionais sobre a embarcação e registrar ou recuperar artefatos, disse ele. Modelos 3D seriam criados para “permitir uma avaliação detalhada das condições estruturais restantes e da relação da embarcação com o ambiente”.
O estudo seria parte de um processo contínuo digital projeto denominado Atlas de Naufrágios de Interesse Histórico na Costa Brasileira, permitindo que sejam feitas correlações entre vários locais de naufrágios para ampliar a compreensão da história marítima do país.
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