O papel raramente sobrevive por muito tempo depois de encharcado, muito menos por 300 anos. Assim, a descoberta de fragmentos legíveis nos destroços do navio pirata do Barba Negra, “Queen Anne's Revenge”, revelou-se um tesouro inesperado.
Tanto mais que agora se verifica que os 16 fragmentos de papel enfiados na câmara de um canhão de culatra parecem ter vindo do mesmo livro.
O infame navio pirata foi abandonado depois de encalhar na Carolina do Norte, na costa atlântica dos EUA, em maio de 1718.
Foi redescoberto apenas em 1996, desde então o Projeto Queen Anne’s Revenge recuperou e restaurou dezenas de milhares de artefatos dos destroços.
Os pedaços de papel, encontrados quando os conservadores limpavam o canhão em 2016, foram originalmente pensados como sendo um pano que servia de junta para um tampão de madeira que mantinha o interior do cano seco, de acordo com o Departamento de Recursos Naturais e Culturais da Carolina do Norte.
Depois descobriram que sete das peças continham texto legível na mesma direção, como se tivesse sido arrancado de um único livro, incluindo palavras identificáveis como “sonda” e “sul”.
Foi a palavra em itálico “Hilo” que levou os conservadores a identificar o livro de onde vieram as páginas.
A palavra referia-se a um assentamento espanhol no Peru chamado Ilo e veio do rapidamente intitulado “Uma viagem ao Mar do Sul e ao redor do mundo, realizada nos anos de 1708, 1709, 1710 e 1711”, do marinheiro Edward Cooke, um livro publicado pela primeira vez em 1712.
Cooke navegou sob o comando do capitão Woodes Rogers nos navios Duque e Holandesa, e seu livro incluía uma descrição do resgate de Alexander Selkirk das ilhas Juan Fernández, ao largo do Chile, um incidente que inspirou “Robinson Crusoe” de Robert Louis Stevenson, de 1719.
Os fragmentos conservados farão agora parte de uma exposição que comemora o 300º aniversário da morte de Barba Negra ainda este ano.
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11-Jan-18