Os produtos químicos nocivos dos filtros solares estão se acumulando no prados de ervas marinhas que desempenham um importante papel ecológico na Mar Mediterrâneo, de acordo com um novo relatório de cientistas espanhóis.
As ervas marinhas podem acolher uma grande variedade de espécies marinhas, ao mesmo tempo que actuam como sumidouros de carbono e proporcionam uma barreira protectora contra a erosão costeira.
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A equipe de pesquisa estudou Posidonia oceanica, uma erva marinha endémica do Mediterrâneo, em três locais em Maiorca: no porto da capital Palma; perto de outro porto, Alcúdia; e em Ses Salines, considerada “imaculada” por ser menos visitada pelos turistas.
Nos três locais, descobriu-se que as ervas marinhas acumulavam filtros UV, consistindo em misturas e concentrações variadas de protetor solar componentes oxibenzona BP3 e BP4, avobenzona, 4-metilbenzilideno cânfora, benzofenona-4 e metil parabenos.
Cada composto é um filtro UV conhecido por se acumular em espécies marinhas como golfinhos, tartarugas, peixes e mexilhões, causando defeitos congênitos, redução da fertilidade e outros efeitos. Já se sabe que os produtos químicos danificam os recifes de coral, embora os cientistas ainda não tenham determinado se e como os filtros UV podem afectar as próprias ervas marinhas.
Estações de tratamento de água
Acreditava-se que os principais contribuintes para a poluição seriam provavelmente estações de tratamento de água – sabe-se também que as águas residuais provenientes de tais instalações incluem outros poluentes prejudiciais à vida marinha, como produtos farmacêuticos, microplásticos e cafeína.
Acredita-se que os usuários de água que usam protetor solar não orgânico também estejam contaminando a água diretamente, sendo as chuvas na praia outra possível fonte de poluição.
Os investigadores pretendem que sejam realizados mais estudos para determinar se devem ser tomadas medidas para proteger as ervas marinhas dos filtros UV, da mesma forma que os protetores solares que danificam os recifes de coral são proibidos em algumas partes do mundo, como Palau e o Havai.
O estudo, publicado no Boletim Poluição marinha, foi liderado por Nona Agawin do Universidade das Ilhas Baleares trabalhando com colegas do Instituto de Avaliação Ambiental e Pesquisa Hídrica e do Instituto de Ciências Marinhas da Andaluzia.
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